Vinhos e queijos. Visitar Azeitão é o paraíso para quem, assim como eu, ama estes dois itens grastronômicos.
Foi em Junho de 2019, quando decidimos descansar uns dias em Sesimbra (distrito de Setúbal) que fizemos um bate e volta até Azeitão com o intuito de conhecer a vinícola José Maria da Fonseca.
Para quem não ligou o nome ao vinho, a José Maria da Fonseca é a produtora de um dos vinhos mais famosos de Portugal: Periquita. Além disso, produz também um famoso moscatel de Setúbal, que possui uma grande ligação com o Brasil chamado de Torna-Viagem.
E é assim que a visita começa, em uma casa-museu cheia de histórias.
A vinícola José Maria da Fonseca foi fundada em 1934 nesta casa que chamamos de casa-museu. A visita inicia ali de tal forma que vamos sendo transportados para a história da família, sua ligação com o vinho e em que momento o Brasil entra nessa relação.
A guia nos apresenta a família, e logo em seguida nos transporta para um corredor com barris cercados por vidro e inicia a história do Torna-Viagem, que remonta ao século XIX.
O moscatel de Setúbal da JMF ainda era um vinho pouco conhecido, e por este motivo faziam uma espécie de consignação. Ofereciam os vinhos aos comandantes de alguns navios que saíam de Portugal com destino ao Brasil, África e Índia com o propósito de vendê-lo. Acontece que nem sempre os comandantes conseguiam vender todo o estoque de vinho fazendo assim com o que o vinho retornasse para Portugal.
E foi aí que a guia nos contou que quando este vinho retornava à Portugal, ele havia envelhecido o equivalente a quase 50 anos, fazendo assim um vinho muito mais saboroso.
Com o término destas expedições de navio, o vinho deixou de ser lavado para “passear” em alto mar. Mas desde o ano 2000, que em parceria com a Marinha de Portugal, o moscatel tornou a viajar em expedições e ser novamente comercializado.
Mas, se você ficou com vontade de comprar uma dessas garrafas, saiba que o seu valor custa por volta dos 1300 eur!! Fica para a próxima, né? rs
Depois desta introdução repleta de história, a guia nos levou aos jardins da quinta. Ali fora ela nos apresenta algumas castas da região de Setúbal e que são utilizadas para produzir os vinhos daquela região.
Uma das partes mais interessantes desta visita, na minha opinião, é quando entramos na Adega dos Teares Velhos. Primeiramente levamos um susto ao entrar em uma adega escura, com teias de aranha e canto gregoriano em plano de fundo.
Por alguns minutos até imagino está em um filme de terror, daqueles que você fica à espera que apareça um serial killer a qualquer momento. Óbvio, que espertamente me mantive mais próxima do grupo possível haha
Mas é lá, nesta adega, que repousam os exemplares mais antigos do moscatel de Setúbal. Fiquei boba quando a guia nos mostrou uma sala ao fundo trancada com uma grade e algumas garrafas já cobertas de poeira. É que nesta salão estão guardadas garrafas históricas de moscatel, de muitos anos atrás. Ela também nos contou que tradicionalmente no final do ano a família se reúne ali e escolhe um ano para brindar a ocasião. Assim como, já aconteceu de receberem celebridades e pessoas ilustres e oferecerem a garrafa do ano de nascimento para a prova.
Por fim, chegamos finalmente ao momento mais esperado da visita: a prova de vinhos.
Nesta visita que fiz estavam incluídos dois vinhos: Periquita tinto e Moscatel de Setúbal ( o comum, não o Torna-viagem).
Finalizando assim a nossa visita à vinícola José Maria da Fonseca terminamos almoçando no By the Wine, o restaurante anexo à José Maria da Fonseca em Azeitão.
Não achei os preços acessíveis para os pratos principais (em média 18€, coisa que para Portugal é elevado). Escolhemos um prego no pão (um sanduíche de carne no pão) e os cogumelos à bulhão pato (vegetariano).
Mas no geral é um local agradável para pedir uma tábua com queijos da região e beber um vinho.
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